domingo, 24 de junho de 2012

PÃO E CIRCO

O imperador romano Julio Cesar e seus filhos adoravam circo. Mesmo sendo nobres, gostavam de dividir com o povo o espetáculo sangrento das arenas, apesar de algumas fases mais light. Tudo fartamente regato a pães, vinhos, frutas e comida. 
“Enquanto o espetáculo acontecia, alguns servos jogavam pão nas arquibancadas. Dessa forma o povo não reclamava dos problemas que tinham ou alguma crise política que poderia estar em pauta no momento. Ao patrocinarem a diversão e a comida gratuita ao povo, o mesmo se esquecia, momentaneamente, desses problemas e, quando se lembrasse, os fervores do momento já haviam passado. Dessa forma, o povo de barriga cheia e diversão garantida ficava mais calmo, pacífico e voltava para casa sem reclamar e protestar das injustiças sofridas, tipo cachorrinhos de rua, se sujeitando uma vez mais aos desmandos dos Césares da época e relegando as decisões importantes a esses líderes políticos sem participarem ativamente do processo.(1)

Nessa época de Roma, poucos reclamavam da vida, porque a sabedoria do Imperador romano dizia que o que o povo quer é isso: comida e circo.  Agindo assim, Cesar controlava todos, desde o senado até os inflados romanos.

Nos dias de hoje, a coisa não mudou. Continua a política de Cesar: enquanto o povo continuar ignorante, o governo pode enganar com a falta de saúde, instrução, trabalho, moradia, alimento, etc e tal. 

Engana com festas, futebol, shows e outras festividades ilusórias, além da distribuição de cestas básicas que não chegam para o mês todo. Dá carnaval, com bastante mulher pelada, bastante baixaria, libera a cerveja, e, durante o ano, dá qualquer dinheiro pro povo poder comer…  

Com isso, o povo, satisfeito, esquece de exigir educação, saúde, moradia e  outros direitos básicos. Mesmo porque, existe sempre alguém que gosta de pão como esmolas do poder dominante e circo como diversão, mas agora a maioria quer mais, a maioria quer seus direitos, garantidos pela constituição, sendo respeitados, sem a má-fé de políticos aproveitadores. 

O povo agora quer a prestação de contas públicas colocadas à mesa, sem irregularidades porque esse dinheiro são os impostos pagos com o suor do nosso trabalho.

O povo quer melhorias na cidade sem que tenha que engolir a velha frase: “O poder dominante é o melhor, fez obras para o povo”. Como? As obras para o povo vêm do próprio bolso do povo, que paga seus impostos todos os dias, portanto o administrador está fazendo apenas a sua obrigação.

Ou seja, enquanto a atenção do povão é desviada para essas tolices, ninguém percebe o problema grave que está passando.

Ninguém reclama, e quem o faz procura fazer muito baixinho, quase nem dá pra ouvir.

Enfim, a verdade é que fazemos parte de um povo inegavelmente desesperançado e acomodado, que desistiu de lutar e aceitou, servilmente, o “menos pior” para ter pelo menos uma chance de se sobressair. Pensar dá trabalho. Agir, então, nem se fala. 

O melhor mesmo é deixar tudo como está, entregue às hienas sedentas de poder.


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