sábado, 2 de novembro de 2013

ORAÇÃO NO DIA DOS MORTOS.

Senhor Jesus!


Enquanto nossos irmãos na Terra se consagram hoje à lembrança dos mortos-vivos que se desenfaixaram da carne, oramos também pelos vivos-mortos que ainda se ajustam à teia física...

Pelos que jazem sepultados em palácios silenciosos, fugindo ao trabalho, como quem se cadaveriza, pouco a pouco, para o sepulcro;

pelos que se enrijeceram gradativamente na autoridade convencional, adornando a própria inutilidade com títulos preciosos, à feição de belos epitáfios inúteis;

pelos que anestesiaram a consciência no vício, transformando as alegrias desvairadas do mundo em portões escancarados para a longa descida às trevas;

pelos que enterraram a própria mente nos cofres da sovinice, enclausurando a existência numa cova de ouro;

pelos que paralisaram a circulação do próprio sangue, nos excessos da mesa;   

pelos que se mumificaram no féretro da preguiça, receando as cruzes redentoras e as calúnias honrosas;

pelos que se imobilizaram no paraíso doméstico, enquistando-se no egoísmo entorpecente, como desmemoriados, descansando no espaço estreito do esquife...

E rogamos-te ainda, Senhor, pelos mortos das penitenciárias que ouviram as sugestões do crime e clamam agora na dor do arrependimento;

pelos mortos dos hospitais e dos manicômios, que gemem, relegados à solidão, na noite da enfermidade;

pelos mortos de desânimo, que se renderam, na luta às punhaladas da ingratidão;

pelos mortos de desespero, que caíram em suicídio moral, por desertores da renúncia e da paciência;

pelos mortos de saudade, que lamentam a falta dos seres pelos quais dariam a própria vida;

e por esses outros mortos, desconhecidos e pequeninos, que são as crianças entregues à via públicas, exterminadas na vala do esquecimento...

Por todos esses nossos irmãos, não ignoramos que choras também como choraste sobre Lázaro morto...

E trazendo igualmente hoje a cada um deles a flor da esperança e o lume da oração, sabemos que o teu amor infinito clarear-no-á o vale da morte, ensinando-nos o caminho da eterna ressurreição.

Chico Xavier (Emmanuel)




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