Aqui está uma frase que se ouve a todo o instante:
“Não se pode mais confiar em ninguém!” Os médicos são mercenários, os políticos são venais
e corruptos, todos interessados apenas nos rendimentos, sem ligar a mínima para
a sua saúde ou para o seu futuro!
Nem sempre é assim.
Um homem chamado Steven Brill resolveu testar essa
teoria, em Nova York, usando como cobaias os motoristas de táxi da cidade.
Apresentou-se bem vestido, como um estrangeiro
recém chegado à cidade que mal sabia falar inglês e entrou em dúzias e dúzias
de táxis, querendo descobrir quantos motoristas tentariam enganá-lo.
Chegou à constatação de que apenas um motorista,
dos 37 táxis nos quais embarcou, não foi honesto. A maioria levou-o diretamente
ao local onde queria ir, sem lhe cobrar um vintém além da tabela. Vários
recusaram-se a transportá-lo quando a corrida era curta demais e houve até os
que saíram do carro para mostrar-lhe que estava a um ou dois quarteirões de
onde queria ir.
A grande ironia da experiência foi que vários
motoristas lhe disseram que tomasse cuidado, pois a cidade de Nova York estava
cheia de bandidos.
Você, sem dúvida, continuará a ouvir histórias de
corrupção, de charlatanismo – policiais que mentem ou aceitam suborno, médicos
que prometem curar sem nada saber de medicina.
Não se deixe enganar.
Os jornais precisam de notícias e estes casos são
notícia justamente porque constituem a exceção à regra. Parece, a julgar
pela experiência de Steven Brill, que é possível confiar em muito mais gente do que se imagina.
Uma recente pesquisa de opinião indicava que
setenta por cento das pessoas consultadas acreditavam firmemente que, na
maioria das vezes, se pode antes confiar que desconfiar da maioria das pessoas.
Por que, então, dizer que “ninguém presta”? Que
conversa é essa?
(Robert Fulghum)
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