Do padre Orivaldo Robles:
Diz a conhecida página do dramaturgo,
poeta e romancista alemão:
“O pior analfabeto é o analfabeto
político. Ele não ouve, não fala nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, os preços do feijão, do peixe, da farinha, do
aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto
político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a
política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nascem a
prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que
é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e
multinacionais”.
O texto refere-se à política de nível
federal. Mas aplica-se também ao município, que é onde vivemos e onde tudo
começa. Ilude-se quem diz não dar atenção à política. Como se fosse possível
viver sem ela. Ela nos envolve inteiramente como o rio envolve o peixe. Toda
ideia, toda palavra, todo cálculo, toda decisão, todo gesto de uma pessoa traz
em seu bojo uma postura política. Quem concebe política como o conjunto de
ações voltadas exclusivamente à conquista e ao exercício do poder, de política
não entende nada.
Política, do grego “pólis”, quer dizer o agrupamento organizado de pessoas que vivem juntas. Não é mera reunião de indivíduos juntados ao acaso. Pólis supõe consciência e decisão de constituir um grupo. De recusar vida solitária, isolada dos outros. Ao integrar a pólis, a pessoa assume participação “política”, isto é, aceita espaço comum, valores específicos e normas definidas, além de tomar parte nas decisões que afetam a vida de todo o grupo.
[...] Cidadão se compromete com tudo o
que se passa ao seu redor. Responsabiliza-se pelo que acontece no município,
estado e país. O conceito é dinâmico. Envolve não só estar, mas atuar em vista
do melhor. Melhor para a comunidade. Para todos, não para o ganho individual
apenas.
Quem não vive sozinho num fim de
mundo, isolado de tudo e de todos, querendo ou não, está envolvido com
política. É chamado a exercer a cidadania. “Política” e “cidadania” dizem
respeito à responsabilidade de cada um. Não faz sentido encher a boca e proclamar:
“Não me meto em política”. Você pode não se meter, mas a política se mete em
sua vida. Até sem seu conhecimento e contra sua vontade.
Só um ignorante supõe que a política
não lhe diz respeito e, portanto, pensa alhear-se dela. Não percebe que em sua vida
tudo tem conotação política.
Nas eleições participe com seu voto
cidadão. Mostre consciência política. Preocupe-se com o bem da comunidade.
Despreze o voto interesseiro, consumista, aproveitador.
Quem vota pensando só
em vantagem pessoal é mais do que um ignorante. É, na verdade, um bandido. Um
malfeitor que ameaça todos os seus concidadãos.
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