quarta-feira, 26 de setembro de 2012

MP investiga prefeito por tentativa de compra de apoio político no Paraná

Funcionária comissionada de Campo Largo filmou tentativas de compra. Prefeito Edson Basso (PMDB) e candidato a vereador estão envolvidos.

O Ministério Público (MP)do Paraná começou a investigar preliminarmente na segunda-feira (24) a denúncia de envolvimento do atual prefeito de Campo Largo, Edson Basso (PMDB), e do candidato a vereador José Antônio Lopes (PMDB) na tentativa de compra de apoio de uma funcionária comissionada do município da Região Metropolitana.  Eles foram filmados pela própria funcionária negociando gratificações em troca do apoio.
Os dois vídeos que mostram a ação dos políticos foram postados na internet no sábado (22), e chegaram ao MP por parte da própria funcionária. 

Alguns trechos das conversas:

No primeiro vídeo, gravado no dia 4 de setembro, Edson Basso conversa com a funcionária, que questiona o motivo de não ter recebido gratificações extras para ajudar na campanha, assim como as colegas de trabalho. “O teu (salário) não foi arrumado? Mas eu autorizei os três”, se surpreende o prefeito. Na sequência da conversa, Basso pergunta quem a funcionária vai apoiar para vereador. Quando ela confirma que deve apoiar José Antonio Lopes, conhecido como Batata, o prefeito propõe um acerto. “Aí eu te ajudo esse mês, no final do mês, te dou uma ajuda de custo, já que você vai ficar na campanha né. Combino com o Batata para você ficar na campanha, né”, sugere.

Depois da negociação, a funcionária reclama para o prefeito que foi coagida a trabalhar nos sábados e domingos por uma mulher identificada como “Cris”, porque isso seria atribuição do cargo em comissão que ela ocupa. “É claro que o cargo em comissão, entende-se, é aquele cargo quando chega em época de campanha, ajuda sábado, domingo. Se for ver, o cargo de comissão é isso, né”, responde Basso. A funcionária responde que saiu de férias justamente para poder ajudar na campanha durante a semana, mas não aos sábados e domingos. Nestas eleições, o atual prefeito apoia a candidatura de Udo Schmidt Neto, do mesmo partido.

á no dia seguinte, a funcionária se encontra com Batata na mesma sala de reuniões do gabinete do prefeito, em encontro agendado pelo próprio Basso. Ela diz que conversou com o prefeito sobre um auxílio financeiro para ajudar na campanha. “No seu salário você não tem nada de gratificação né? Eu vou me propor com ele, vou falar com ele”, garante Batata. Na sequência, ele explica que o “compromisso” será executado em forma de gratificação anexa ao salário, que irá sair do gabinete do prefeito, e não da secretaria de saúde, onde ela está lotada.

“E você arregaça as mangas para trabalhar e mostrar os votos para nós em Ferraria (...) Se nós acertarmos mesmo e aparecer votos em Ferraria, eu te dou a gratificação”, explica a contrapartida, que, se executada, deve conferir a gratificação para a funcionária já no final de outubro.

Batata e a funcionária seguem conversando sobre um esquema de concessão de dez litros de gasolina por semana para quem colocar propaganda política no carro, e lembra do caso em que conseguiu votos em troca de favores. “Puxa, esse aqui eu fechei com dois cateterismos na família, mas não da mesma família, mas de pessoas lá. É uma estradinha bem simples, já me concretizaram que vão fazer, cem metros, sabe quanto? Não por, assim, sem demagogia, sem nada, que o homem chegou a chorar quando consegui o cateterismo - 70 votos. Aonde que você consegue no interior isso, entendeu?”, narrou o candidato a vereador.

Após atender uma ligação telefônica, em que negocia  a ida de maquinário para a região do Jardim Guarani, Batata explica que está arrumando uma rua no local, e que isso deve ser revertido em mais votos. “Se as máquinas forem hoje dá um estouro lá no Guarani, vai ser a coisa mais linda do mundo. Porque eu tenho certeza, se hoje é quarta, até sexta deixam tudo pronto. Minha Nossa Senhora, daí sim, aí estoura nossa votação lá também”, comemora.

Na sequência, Batata comemora explicitamente que, pela primeira vez, conta com o apoio da máquina pública para se eleger, principalmente da Secretaria de Viação e Obras. “E o bom sabe o que que é? Está vindo ‘Viação e Obras’ trabalhar. Nunca tive, nós nunca tivemos isso né Juarez? Nas nossas candidaturas anteriores, nunca tivemos o apoio de máquina, nada, e hoje ‘Viação e Obras’ trabalhando de graça para mim, de manga arregaçada”, encerrou.

Este processo é denominado Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), baseado em peças de informações que devem fundamentar a propositura de uma ação civil pública, a ser analisada pelo Juiz Eleitoral. "A sentença judicial pode então declarar a inegibilidade dos envolvidos que não possuem mandato, e cassar o registro de candidaturas dos concorrentes. É um procedimento para verificar o abuso de poder econômico e abuso do poder político, em outras palavras, o uso da máquina pública", afirmou o promotor Aurélio José Aggio, que já encaminhou a denúncia para perícia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).


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