"Ele nos estudou antes. Sabia da nossa religiosidade. Citou o nome do
padre da cidade e de uma coordenadora de um movimento da igreja." Dessa
forma a professora aposentada Zilda Fernandes, 77, relata como ela e o
marido, José Fernandes, 76, foram enganados por um homem que se passou
por padre para furtar dinheiro e joias de sua casa.
Moradores de Bom Sucesso, cidade de quase 7.000 habitantes no norte do
Paraná, eles foram as mais recentes vítimas de um golpe registrado nas
últimas semanas em pelo menos três outros municípios da região: Ibiporã,
Rolândia e Arapongas.
Homens que se apresentam como padres ou ajudantes de sacerdotes visitam
casas de idosos com o pretexto de dar bênçãos. Em seguida, se aproveitam
de momentos de descuido dos donos da casa para furtar.
"Com uma bíblia na mão, ele disse que estava marcando terços nas casas
dos fieis. Foi entrando, falando muito, fingindo fazer anotações. Pediu
que meu marido e eu ficássemos rezando na sala enquanto benzia os outros
cômodos. Por último, pediu minha correntinha de ouro. Falou que
colocaria nela uma medalhinha e depois me devolveria", diz a professora
aposentada.
Minutos depois de o homem se despedir o casal percebeu o furto de R$
2.000 que estavam guardados em um dos cômodos supostamente abençoados.
Além da correntinha de Zilda, outras joias foram levadas.
Em Ibiporã, na semana anterior, um homem contou história muito semelhante aos pais do advogado João Odair Pelisson.
"Meu pai tem 82 anos e minha mãe, 80. Receberam a visita desse homem que
dizia ser um padre novato na cidade e que queria rezar um terço na casa
deles. Além disso, pediu para abençoar a casa. Também pegou joias
justificando que seriam abençoadas na igreja e devolvidas
posteriormente. Ele levou R$ 300 e as joias. O que deixou a minha mãe
mais triste foi o furto da aliança. Meus pais são casados há 60 anos",
relata Pelisson.
Em Arapongas, um homem que disse ser "ajudante do padre" enganou duas
mulheres, vizinhas, de 62 e 70 anos. De uma delas levou duas correntes
de ouro. Da outra, um envelope com R$ 600. "O golpista falou para elas
que o padre benzeria os pertences na igreja", afirma Gineide de Sordi,
secretária do delegado de Arapongas.
Em Rolândia, a vítima foi uma senhora de 77 anos. Ela entregou R$ 1.000 e joias para que o falso padre levasse para benzer.
Todas as vítimas registraram boletins de ocorrência nas cidades onde os
falsos padres agiram. A Polícia Civil investiga se há conexão entre os
casos. Nenhum suspeito foi identificado.
"Nós, cristãos, devemos ser filhos da luz. Mas há pessoas que são filhos
das trevas", diz o pároco de Bom Sucesso, Marcos André de Oliveira, a
respeito dos casos.
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