sábado, 20 de outubro de 2012

NEM TUDO É BULLYING!



Fala-se muito em bullying ultimamente, sendo discutidos, quase todas as semanas, casos e casos caracterizados como bullying , mas que nem sempre o são.
É preciso entender o que é exatamente o bullyng para que seja combatido com eficácia.

As  brincadeiras inconvenientes, conflitos ou ofensas pontuais, que resultam em mágoa ou raiva passageira não são consideradas bullying.

Cleo Fante, especialista no assunto relata que o levantamento de dados realizado em 2012, com 1.028 matérias divulgadas no Google, contendo relatos de casos, revelou um dado extremamente preocupante: 60% dos casos apresentam equívocos na interpretação, devendo ser descartados de situações de bullying.

A especialista alerta que mais preocupante, ainda, é a questão do material didático - livros, cartilhas, manuais, vídeos, jogos -, que vem sendo distribuído no mercado. A maioria deles, sem qualquer embasamento científico e repleto de informações e exemplificações equivocadas, trata o tema de forma superficial e apresenta estratégias simplistas, como se erradicar o bullying fosse tarefa fácil. Até o personagem bíblico, Noé - sim, aquele que construiu a arca -, o cientista Albert Einstein, o jogador Ronaldo Nazário, a universitária Geisy Arruda, o político Roberto Requião, a cantora Adele, Luan Santana e muitos outros, são citados como vítimas de bullying.

Ela ressalta que o desconhecimento, a precipitação na análise e divulgação de casos tem colaborado para a generalização e banalização do problema.

O termo bullying, segundo a especialista, deve ser empregado para tipificar comportamentos agressivos ou violentos entre pares. Ocorre quando um estudante ou vários deles- fazendo uso de sua força física ou poder - elege outro(s) como alvo de chacotas, humilhações, ameaças, perseguições, espancamentos, calúnias, dentre outras formas de abusos. O alvo é exposto à opressão de forma gratuita, repetitiva e intencional, resultando em prejuízos, muitas vezes irreversíveis. É mais comum a identificação do bullying no ambiente escolar, embora também ocorra em outros espaços fora da escola, onde os estudantes frequentam. Ambientes virtuais, escolas de idiomas, de futebol, academias, shoppings, clubes recreativos, condomínios residenciais, dentre outros. Entretanto, sua maior incidência, atualmente, é no espaço virtual - cyberbullying -, devido à falsa sensação de anonimato e impunidade, por parte do autor, bem como de muitas vítimas que acabam por reproduzir o que sofrem.

De acordo com a especialista, devido ao bullying, estudantes deixam de frequentar as aulas, mudam de escolas ou desistem de estudar. Por causa do medo ou vergonha da exposição, eles se retraem ou se isolam dos demais, comprometendo a saúde mental e o processo sócioeducacional.

Entretanto, é preciso entender que a escola é o lugar onde se iniciam as socializações e as crianças devem aprender a conhecer a si mesmas e os outros, a conviver, a se defender e se proteger. Para os pais, é difícil aceitar que uma certa dose de dor é necessária para o amadurecimento. Ser ignorado por um grupo da classe ou excluído de uma brincadeira não é o mesmo que sofrer bullying. Mas os pais não resistem a fazer algo em um caso assim. O impulso de protegerem o filho simplesmente não permite ficarem parados e eles pecam por excesso.

Rejeição, raiva, frustração fazem parte da trajetória de todas as pessoas e não se deve privar os filhos de vivenciar tais sentimentos, embora não se deva jogar a criança aos leões para que cresça na marra. Só não se deve exagerar na proteção para não restringir a capacidade da criança de enfrentar as situações mais corriqueiras da vida emocional. Não se pode esquecer que, hoje, as crianças e jovens também sofrem por solidão, medo, sentimento de não pertencimento e até de anonimato. Assim, é preciso tentar enxergar além da questão do (suposto ou verdadeiro) bullying para se dar o apoio necessário nessa hora.



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