Fala-se muito em bullying
ultimamente, sendo discutidos, quase todas as semanas, casos e casos
caracterizados como bullying , mas
que nem sempre o são.
É preciso entender o que é exatamente o bullyng para que seja combatido com eficácia.
É preciso entender o que é exatamente o bullyng para que seja combatido com eficácia.
As brincadeiras
inconvenientes, conflitos ou ofensas pontuais, que resultam em mágoa ou raiva
passageira não são consideradas bullying.
Cleo Fante, especialista no assunto relata que o levantamento de dados realizado em 2012, com
1.028 matérias divulgadas no Google, contendo relatos de casos, revelou um dado extremamente
preocupante: 60% dos casos apresentam
equívocos na interpretação, devendo ser descartados de situações de bullying.
A especialista alerta que mais preocupante, ainda, é a questão do material didático - livros,
cartilhas, manuais, vídeos, jogos -, que vem sendo distribuído no mercado. A
maioria deles, sem qualquer embasamento científico e repleto de informações e
exemplificações equivocadas, trata o tema de forma superficial e apresenta
estratégias simplistas, como se erradicar o bullying fosse tarefa fácil. Até o
personagem bíblico, Noé - sim, aquele que construiu a arca -, o cientista
Albert Einstein, o jogador Ronaldo Nazário, a universitária Geisy Arruda, o
político Roberto Requião, a cantora Adele, Luan Santana e muitos outros, são
citados como vítimas de bullying.
Ela ressalta que o desconhecimento, a precipitação na
análise e divulgação de casos tem colaborado para a generalização e banalização
do problema.
O termo bullying,
segundo a especialista, deve ser
empregado para tipificar comportamentos agressivos ou violentos entre pares.
Ocorre quando um estudante ou vários deles- fazendo uso de sua força física ou
poder - elege outro(s) como alvo de chacotas, humilhações, ameaças,
perseguições, espancamentos, calúnias, dentre outras formas de abusos. O alvo é
exposto à opressão de forma gratuita, repetitiva e intencional, resultando em
prejuízos, muitas vezes irreversíveis. É mais comum a identificação do bullying
no ambiente escolar, embora também ocorra em outros espaços fora da escola,
onde os estudantes frequentam. Ambientes virtuais, escolas de idiomas, de
futebol, academias, shoppings, clubes recreativos, condomínios residenciais,
dentre outros. Entretanto, sua maior incidência, atualmente, é no espaço
virtual - cyberbullying -, devido à falsa sensação de anonimato e impunidade,
por parte do autor, bem como de muitas vítimas que acabam por reproduzir o que
sofrem.
De acordo com a especialista, devido ao bullying, estudantes deixam de
frequentar as aulas, mudam de escolas ou desistem de estudar. Por causa do medo
ou vergonha da exposição, eles se retraem ou se isolam dos demais,
comprometendo a saúde mental e o processo sócioeducacional.
Entretanto, é preciso entender que a escola é o lugar onde se
iniciam as socializações e as crianças devem aprender a conhecer a si mesmas e
os outros, a conviver, a se defender e se proteger. Para os pais, é difícil
aceitar que uma certa dose de dor é necessária para o amadurecimento. Ser
ignorado por um grupo da classe ou excluído de uma brincadeira não é o mesmo
que sofrer bullying. Mas os pais não resistem a fazer algo em um caso assim. O
impulso de protegerem o filho simplesmente não permite ficarem parados e eles
pecam por excesso.
Rejeição, raiva, frustração fazem parte da trajetória
de todas as pessoas e não se deve privar os filhos de vivenciar tais
sentimentos, embora não se deva jogar a criança aos leões para que cresça na
marra. Só não se deve exagerar na proteção para não restringir a capacidade da
criança de enfrentar as situações mais corriqueiras da vida emocional. Não se
pode esquecer que, hoje, as crianças e jovens também sofrem por solidão, medo,
sentimento de não pertencimento e até de anonimato. Assim, é preciso tentar
enxergar além da questão do (suposto ou verdadeiro) bullying para se dar o apoio necessário nessa hora.
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