"O movimento negro de Maringá denunciou à Folha de Maringá um ato de
preconceito religioso que aconteceu no ultimo dia 13 no Colégio Estadual
Dr. José Gerardo Braga, localizado na avenida 19 Dezembro, em Maringá.
O fato ocorreu na Semana da Consciência Negra durante uma palestra
sobre intolerância as religiões afro-brasileiras, realizada pela
Iyalorixá Mãe Glória (foto). Depois de uma aluna ter se posicionado
contra a palestra, o diretor do Colégio cancelou o evento.
A atividade contou primeiramente com a contribuição da professora de
Sociologia Isabel Cristina dos Santos, que apresentou alguns dos
aspectos da intolerância religiosa e comentou alguns pontos da Lei 10639
que inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da
temática “História e Cultura Afro-Brasileira. Logo em seguida o
professor de História Leandro Graton ministrou sobre a Origem do Tambor
de Mina. E, a Iyalorixá Mãe Glória falou sobre o que representa os
símbolos de sua Religião. “É importante ressaltar que desde o início do
evento ficou esclarecido que os cantos e as danças apresentadas, não
representavam um ritual, e sim uma demonstração cultural da etnia
brasileira que sempre foi perseguida, massacrada e demonizada”, disse
Santos.
A professora também disse que a apresentação foi marcada pela
tranquilidade, aprendizado e descontração entre os alunos e os
palestrantes convidados. “Não teve nenhuma situação que ofendesse as
outras expressões religiosas ou as pessoas presentes, a ênfase era no
respeito às várias religiões”.
Ao final do evento a direção conversou com a professora, com o
coordenador da Equipe Multidisciplinar, e com a Iyalorixá, disse que uma
aluna teve um mal estar, e seu pai que ligou para o Colégio, com tons
agressivos e ameaçadores, dizendo que se a filha dele não saísse do
salão nobre naquele momento da palestra ele mesmo iria ao colégio e não
responderia por ele.
“Antes da aluna sair da sala se direcionar a direção, eu percebi o
seu mal estar. A aluna me pediu para sair do salão nobre com sua colega,
e não foi impedida. Por conta desse telefonema e mal estar da aluna a
direção resolveu que seria melhor cancelar o evento no período noturno.
Ao ser questionada sobre o motivo do cancelamento respondeu que seria
por conta do preconceito da comunidade”, disse a professora.
Santos esteve à tarde na casa da Iyalorixá Mãe Glória, e relata que
as pessoas que a acompanharam se sentiram ofendidas, disseram que
queriam chamar a televisão e denunciar o ocorrido, pois nunca estiveram
com alunos tão compressíveis, e não se conformam com o fato de
aceitarmos passivamente que a atitude de algumas pessoas leve todas as
outras ao constrangimento, justamente na Semana da Consciência Negra.
“Viemos por meio deste nos queixar do cancelamento evento no período
noturno do dia 13 de novembro de 2012 das 20h às 22h e solicitarmos a
realização do evento, nos moldes que foi efetivado no dia 13 de novembro
das 9h10 as 11h55, dando aplicabilidade a Lei 10639″, diz nota do
movimento negro de Maringá.
Mãe Glória disse à Folha que uma das alunas não gostou da palestra, e
chegou a dizer que “se ela fosse Hitler metralhava todo mundo ali”.
A palestra “Diga não à intolerância as religiões Afro descendentes” é
um evento integrante da programação da VI Semana Afro brasileira
realizada pelo Núcleo de Estudos Interdisciplinares Afro-Brasileiros
(NEIAB) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e foi apresentado pela
Iyalorixá Mãe Glória, da Tambor de Mina, denominação mais difundida das
religiões afro-brasileiras de origem Orixá e Vodun.
A denuncia foi assinada por Marivânia Conceição de Araújo
Coordenadora (NEIAB), professor Paulo Edson Lima dos Santos Pesquisador
(NEIAB), professor Jairo (Consciência Negra), professora Aracy
(Movimento de Mulheres Negras), professora Isabel Cristina dos Santos
pesquisadora (NEIAB) e Luis Carlos dos Santos (APP Sindicato)."
Errou a direção do Colégio, que ao cancelar o evento por causa de UMA ALUNA, fez eco à intolerância religiosa, contribuindo para o constrangimento dos demais presentes, por ser uma temática incluída por Lei no currículo oficial da Rede de Ensino (História e Cultura Afro-Brasileira) e, ainda, por desrespeito ao MEC e à uma instituição do nível da Universidade Estadual de Maringá que se propõe a participar de um evento como esse.(E num local onde jamais poderia acontecer isso: onde se educam crianças!).
Até quando vamos ver isso acontecer no país das miscigenações como é o Brasil?
Fonte:
http://www.folhademaringa.com.br/movimento-negro-denuncia-preconceito-religioso-em-escola-de-maringa/#!prettyPhoto
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