quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Movimento negro denuncia preconceito religioso em escola de Maringá

"O movimento negro de Maringá denunciou à Folha de Maringá um ato de preconceito religioso que aconteceu no ultimo dia 13 no Colégio Estadual Dr. José Gerardo Braga, localizado na avenida 19 Dezembro, em Maringá.
O fato ocorreu na Semana da Consciência Negra durante uma palestra sobre intolerância as religiões afro-brasileiras, realizada pela Iyalorixá Mãe Glória (foto). Depois de uma aluna ter se posicionado contra a palestra, o diretor do Colégio cancelou o evento.

A atividade contou primeiramente com a contribuição da professora de Sociologia Isabel Cristina dos Santos, que apresentou alguns dos aspectos da intolerância religiosa e comentou alguns pontos da Lei 10639 que inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira. Logo em seguida o professor de História Leandro Graton ministrou sobre a Origem do Tambor de Mina. E, a Iyalorixá Mãe Glória falou sobre o que representa os símbolos de sua Religião. “É importante ressaltar que desde o início do evento ficou esclarecido que os cantos e as danças apresentadas, não representavam um ritual, e sim uma demonstração cultural da etnia brasileira que sempre foi perseguida, massacrada e demonizada”, disse Santos.

A professora também disse que a apresentação foi marcada pela tranquilidade, aprendizado e descontração entre os alunos e os palestrantes convidados. “Não teve nenhuma situação que ofendesse as outras expressões religiosas ou as pessoas presentes, a ênfase era no respeito às várias religiões”.

Ao final do evento a direção conversou com a professora, com o coordenador da Equipe Multidisciplinar, e com a Iyalorixá, disse que uma aluna teve um mal estar, e seu pai que ligou para o Colégio, com tons agressivos e ameaçadores, dizendo que se a filha dele não saísse do salão nobre naquele momento da palestra ele mesmo iria ao colégio e não responderia por ele.

“Antes da aluna sair da sala se direcionar a direção, eu percebi o seu mal estar. A aluna me pediu para sair do salão nobre com sua colega, e não foi impedida. Por conta desse telefonema e mal estar da aluna a direção resolveu que seria melhor cancelar o evento no período noturno. Ao ser questionada sobre o motivo do cancelamento respondeu que seria por conta do preconceito da comunidade”, disse a professora.

Santos esteve à tarde na casa da Iyalorixá Mãe Glória, e relata que as pessoas que a acompanharam se sentiram ofendidas, disseram que queriam chamar a televisão e denunciar o ocorrido, pois nunca estiveram com alunos tão compressíveis, e não se conformam com o fato de aceitarmos passivamente que a atitude de algumas pessoas leve todas as outras ao constrangimento, justamente na Semana da Consciência Negra.

“Viemos por meio deste nos queixar do cancelamento evento no período noturno do dia 13 de novembro de 2012 das 20h às 22h e solicitarmos a realização do evento, nos moldes que foi efetivado no dia 13 de novembro das 9h10 as 11h55, dando aplicabilidade a Lei 10639″, diz nota do movimento negro de Maringá.

Mãe Glória disse à Folha que uma das alunas não gostou da palestra, e chegou a dizer que “se ela fosse Hitler metralhava todo mundo ali”.

A palestra “Diga não à intolerância as religiões Afro descendentes” é um evento integrante da programação da VI Semana Afro brasileira realizada pelo Núcleo de Estudos Interdisciplinares Afro-Brasileiros (NEIAB) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e foi apresentado pela Iyalorixá Mãe Glória, da Tambor de Mina, denominação mais difundida das religiões afro-brasileiras de origem Orixá e Vodun.

A denuncia foi assinada por Marivânia Conceição de Araújo Coordenadora (NEIAB), professor Paulo Edson Lima dos Santos Pesquisador (NEIAB), professor Jairo (Consciência Negra), professora Aracy (Movimento de Mulheres Negras), professora Isabel Cristina dos Santos pesquisadora (NEIAB) e Luis Carlos dos Santos (APP Sindicato)."

Errou a direção do Colégio, que ao cancelar o evento por causa de UMA ALUNA, fez eco à intolerância religiosa, contribuindo para o constrangimento dos demais presentes,  por ser uma temática incluída por Lei no currículo oficial da Rede de Ensino (História e Cultura Afro-Brasileira) e, ainda, por desrespeito ao MEC e à uma instituição do nível da Universidade Estadual de Maringá que se propõe a participar de um evento como esse.(E num local onde jamais poderia acontecer isso: onde se educam crianças!).

Até quando vamos ver isso acontecer no país das miscigenações como é o Brasil? 

Fonte:
http://www.folhademaringa.com.br/movimento-negro-denuncia-preconceito-religioso-em-escola-de-maringa/#!prettyPhoto

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